Bio | Edu Manga Guitarrist

EDU MANGA guitarrista de rock

E fez-se a luz...

Energizando microfones, guitarras, amplificadores, luzes de palco, luzes da cidade, pistas de dança, neons, teclados, estrobos, caixas de som, pedaleiras, camarins, holofotes

INTRO

Nesta que seria a data de aniversário do lendário guitarrista Edu, a publicação deste texto que traça em linhas simples sua trajetória como músico de primeira linha na noite paulistana é uma forma de homenageá-lo na tristeza de sua partida precoce, após 4 décadas nos palcos agitados de São Paulo.

Presente na memória afetiva e sonora de todos os que tiveram a oportunidade e o privilégio de vê-lo tocar, Edu estará sempre associado à música de qualidade e ao espírito guerreiro com que abraçou a guitarra e a música, ao longo de toda a sua vida.

Nascido Eduardo Paes de Almeida em 15 de outubro de 1960 em São Paulo, o lendário guitarrista de rock Edu Manga despontou no circuito noturno da cidade já por volta de 1979 como lead guitarist na pioneira banda Cadela, que interpretava à perfeição e com seu toque único de musicalidade e malícia os sucessos de ícones do rock nacional como Jovem Guarda, Rita Lee, Os Incríveis, Raul Seixas, Made in Brazil, Tutti Frutti, além de clássicos do rock e hard rock internacional e canções autorais.

Edu começou a tocar guitarra cedo com cerca de 16 anos de idade, e não a largou mais.

Após a estreia precoce nas bandas Morsa e Cala Boca - “crias” de toda uma leva de bandas que se apresentavam nas famosas domingueiras da cidade nos anos 70 -, já em 1979 Edu foi chamado pelo vocalista Sisão Salvaterra quando este montou o Cadela.

Em sua formação original, com Sisão (ex-Cão Fila) - vocais, Eduardo - guitarras, Celsão (depois Tiguez, também ex-Cão Fila) - baixo e Horácio - bateria, a banda atraia muitos fãs que a seguiam pelo eletrizante circuito de bares com rock ao vivo em São Paulo, tocando nos palcos prestigiados como do Calabar e outros de mesmo calibre.

Circulando pela Vila Mariana - reduto de rock da capital - e melhores bares de rock da cidade com a aparelhagem reunida na Kombi azul celeste (com o inconfundível logo Cadela pintado nas laterais), essa banda pioneira catalisou de forma única o surgimento das apresentações de rock ao vivo de qualidade no efervescente circuito de bares de São Paulo a partir do final dos anos 70/ início dos 80.

O Cadela impressionava com o virtuosismo de seus músicos e shows de alta potência, amplo repertório que misturava o melhor do rock nacional e internacional e canções autorais,além da descontração e irreverência com que a banda se apresentava, contagiando os fãs. Pela primeira vez uma banda cover entregava ao vivo muito mais que a reprodução de grandes hits!

Edu usava na época sua famosa Gibson Les Paul Custom preta, de som pesado, marcante.

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dados biográficos gerais e foto ao vivo do guitarrista Edu Manga

Guitarra Fender Strato e amplificador Meteoro modelo Faíska usados pelo guitarrista Edu Manga

Admirador de Ritchie Blackmore, do Deep Purple, Edu Manga desenvolveu desde cedo um estilo muito próprio na guitarra, combinando garra, sutileza e muita técnica. Também a técnica inovadora de Eddie Van Halen viria a influenciar fortemente seu estilo e criatividade nos anos futuros. Sua Fender “Frankenstrat” branca demonstrava essa poderosa influência.

Foto: Fender Strato Frankenstrat branca e amp Meteoro

Entre 1980/81 o Cadela se “transforma” em Quarto Crescente com o ingresso de Percy Weiss (ex-Made in Brasil e Patrulha do Espaço) nos vocais. Edu participa como co-autor de 5 faixas do álbum de mesmo nome (lançado posteriormente em 1981, com Tony Babalu nas guitarras): Aves Noturnas; Bicicleta; Serra Pelada; Regue Fajuto e Triste Cidade (Fermata, 1980).

Em: https://www.youtube.com/watch?v=XXeMWCE5yRA&ab_channel=MingoManito

Em 1981 é formada a Corsário, com: Sisão – vocais, Edu – guitarras (ambos ex-Cadela), Norba Zamboni – guitarras, Franklin Paolillo (ex-Tutti Frutti e Rita Lee) – bateria e Nilton Leonarde – baixo. Uma superbanda, que passaria por várias formações, sempre com Sisão e Edu.

Foto: Corsário, uma superbanda com Sisão, Norba Zamboni, Nilton Leonarde, Edu e Franklin Paolillo.

A Corsário se apresentou regularmente até 1984 nos melhores bares e danceterias da cidade como Segredo da Dama, Sem Fim, Acontece, De Repente, Woodstock: repertório eclético, frontman de peso e dois lead guitarists ao vivo.

Foto da banda Cosário com Sisão Salvaterra - vocais, Norba Zamboni - guitarra, Nilton Leonarde - baixo, Edu Manga - guitarra e Franklin Paolillo - bateria

Em 1984 Edu também foi co-fundador da banda Kaleidoscope, em sua formação original: Edu, Nelsinho Borba Jr.,Fulvio Sting, Batista Zuppo e Carlinhos Beltreschi.

Em 1985, Edu se reuniu novamente com Sisão Salvaterra no XKW, banda fundada em 84 que soube captar no ritmo e linguagem do new wave uma oportunidade para o pop rock nacional, incorporando diversidade de estilos, lindos arranjos e o uso dos teclados.

O XKW era: Sisão – vocais, Edu – guitarras, Tinho – baixo e Franklin Paolillo – bateria.

Em 1984 o XKW lançou a canção “Doce Bailarina”, muito tocada nas rádios FM do país. A canção gerou o lado A de um compacto, com “Signo de Virgem” e “Nunca Fui Mau” no lado B.

Capa do LP XKW lançado em 1986 com Sisão Salvaterra, Edu, Franklin Paolillo e Tinho

O guitarrista Norba Zamboni capitaneava as guitarras e arranjos (com Sérgio Sá). Um segundo compacto trouxe “Quero Ser Patrão” e “Melancia Sem Caroço” (ambos pela Copacabana, estúdio).

Em 1986, já com Edu na formação, é lançado o LP XKW (Copacabana, estúdio) com músicas autorais e não-autorais que primam pela leveza, humor, romantismo e arranjos elaborados.

Um mix de estilos com produção cuidadosa, o LP é referência no panorama do rock nacional da época.

https://www.youtube.com/watch?v=DBPvL1SvAd8&t=731s&ab_channel=FAILMAN%3AHFetals

Em 1987, a XKW abriu para a Radio Táxi (na época, banda do falecido guitarrista Wander Taffo, 1954-2008) em Santos, na arena Saldanha da Gama, show realizado com suporte de Roberto M. Silva na guitarra, postado em https://www.youtube.com/watch?v=YHe6TRN_0wI&t=1054s&ab_channel=robertomsilva

A partir de meados dos anos 80, o ressurgimento mundial do rock, hard rock & metal raiz - com a consagração de gigantes como Van Halen, Iron Maiden, AC DC, Metallica etc. após a “pausa” imposta pelo new wave - renovou a procura por boas bandas cover de rock internacional ao vivo na cidade.

No início dos anos 2000 Sisão e Edu se reuniram para montar a Banda Capitão América, apresentando-se novamente juntos no melhor do circuito de rock paulistano. A Capitão era: Sisão – vocais, Edu – guitarras, Tinho (depois: Homero) – baixo, Adriano – teclados e Batista – bateria.

Foto do Sisão Salvaterra e Edu Manga ao vivo com a banda Capitão em 2011

A Capitão cobria com intensa musicalidade e talento clássicos do rock, hard / metal rock e pop rock mundiais, como Creedence Clearwater, Eagles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Van Halen, Deep Purple, Doobie Bros., Black Sabbath, Guns ‘n’ Roses etc., além de importantes clássicos do rock nacional.

A região do Bixiga concentrava as apresentações da banda, que estabeleceram um novo marco de qualidade musical, com músicos experientes entregando grandes performances.

Foto: Sisão e Edu à frente da Capitão, Anexo da Nena, 2011

Apresentações também no litoral e interior completavam a agitada agenda da Capitão em seus 10 anos de estrada. Convidados especiais como o guitarrista Faíska, o baterista Wallace Van Loon e outros importantes músicos de rock dividiam o palco nas famosas canjas com a Capitão.

https://www.youtube.com/watch?v=3mNNev9qUJU&ab_channel=Daniel10arte

Por volta de 2011 surge a Flying Rock, ampliando o repertório de rock, pop rock e hard/ metal rock nacional e internacional e incluindo definitivamente o teclado entre seus instrumentos, com destaque para Adriano Augusto.

O surgimento da Flying Rock ficou registrado em entrevista dada por Edu ao programa Rock on the Road, no canal Just TV no YouTube - a partir de 18:30 em https://youtu.be/3AsfNIwTOkE?si=HqnRgXzfIP-kI2LI

Edu Manga e Faíska em canja com a banda Capitão em 2010

Foto: Faíska e Edu em canja com a Capitão, Anexo da Nena, 2010

A formação original da Flying Rock era: Edu Manga – guitarras, Marcelo Mancha (posteriormente John Charge) – vocais, Adriano Augusto – teclados, Homero – baixo e Caio (posteriormente Ivan Scartezini) – bateria. https://www.youtube.com/watch?v=LE6jSbJtVdw&ab_channel=AdrianoAugusto

Apresentações ao vivo memoráveis também nos melhores bares do litoral e interior paulista integravam a agenda, levando a febre paulistana do rock de qualidade até plateias mais distantes.

Simultaneamente à atuação frente à Flying Rock, entre 2017 e 2019 Edu fez parte de duas outras bandas: Código Rock (Edu – lead guitar, Roberto – guitarras, Homero – baixo, Marcell – bateria e André – vocais) e BSB – a Bruno Santanna Band (Edu – lead guitar, Bruno Tritono Santanna – vocais, Homero – baixo e Ivan Scartezini – bateria). Veja em https://www.facebook.com/1509866169/videos/330198625174755/

A Flying Rock continuou se apresentando com sucesso até o início da pandemia de coronavírus em março de 2020, que interrompeu a sequência de shows agendados. Veja Help, “vídeo-colagem” gravada com os músicos em casa: https://www.youtube.com/watch?v=GmznU6B0Yv8&ab_channel=FlyingRock2011

- em https://www.facebook.com/roberto.manoel.s/videos/1436688643543349 -, que se reuniram para prestar homenagem ao guitarrista que tão bem retratou o melhor do rock na noite paulistana por mais de 40 anos.

Convite para a noite de Tributo a Edu Manga no The Wall Café - sp em março de 2022

Ao retomar a estrada no pós-pandemia, a Flying Rock reiniciou algumas apresentações ao vivo na capital até o falecimento de Eduardo, em novembro de 2021, quando se desfez.

Em 20 de março de 2022, o baterista Wallace Van Loon promoveu no seu The Wall Café, em São Paulo, a noite de Tributo a Edu Manga com a presença do lead singer Sisão Salvaterra, dos guitarristas Xando Pupo e Roberto Silva e da Flying Rock

Com seu talento, garra e honestidade profissional, carisma e bom humor, além da incrível humildade em seus contatos pessoais e profissionais, o guitarrista Edu Manga cativou toda uma legião de fãs, colegas músicos e amigos ao longo da carreira.

Muito querido de todos, Edu deixou saudades por onde passou.

O músico autêntico é atemporal

Mais do que outras artes, a música flui independente de qualquer materialidade.

Não suas roupas, aspecto, idade, crenças, origem ou modos,

buscamos no músico sua essência, energia perene e vital, intangível.

Buscamos nele a essência que tememos perder

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